quinta-feira, 21 de maio de 2015

Aprecie com moderação

Olho para o relógio e por acaso são 4:20.
Às 4:20, de quase vinte anos atrás, me escondia dos pais. Hoje eu próprio sou um pai, me escondo dos filhos.
A proibição não permite que eu possa fazer uso da cannabis, sem criar o problema de ter que explicar para as crianças a licitude dos meus atos. Quem sabe em alguns anos a coisa mude de figura e eu possa conversar abertamente sobre o assunto sem que eles me considerem um marginal.
Cada um tem sua história com a cannabis. Da minha experiência conclui que para aproveitar o que de melhor ela tem a oferecer é preciso equilíbrio. A bem da verdade, isto não é exclusividade da cannabis: tudo na vida deve ser equilibrado.
O trabalho deve ser equacionado com o lazer, para que um dê sentido ao outro e permita que as horas dedicadas a cada uma dessas atividades sejam aproveitadas com eficiência.
Da mesma maneira, as atividades físicas não prescindem do repouso. A saúde depende dos dois.
Não acho que com a cannabis a coisa seja diferente. Quando exagero na dose, sinto que passo do ponto em que obteria seus benefícios e passo a perceber prejuízos em outras áreas da vida.
Na dose certa, a cannabis aguça a minha sensibilidade para perceber coisas que passariam despercebidas na confusão do dia-a-dia. Ao me fazer perceber essas coisas, muda meu pensamento sobre verdades absolutas e preconceitos. No final, acaba me tornando uma pessoa mais tolerante na vida. A sociedade agradece.
Quando vou além da dose, essas coisas que antes passavam despercebidas acabam dominando meu pensamento, ganhando uma importância e urgência que são irreais dentro do meu contexto de vida. Acabam desviando demais o foco daquilo que considero o mais importante.
Costumo ter “ondas erradas” em épocas que estou fumando muito. E nas horas em que não estou chapado, a vida parece meio sem graça.
É aquela história: a diferença entre o remédio e o veneno é só a dose.
Assim, meu uso da cannabis é religioso (apesar de me considerar ateu) e medicinal. Mantenho a dose de um baseado por semana, a qual me parece suficiente para que os demais aspectos da vida não sejam atrapalhados por ela. A única diferença entre a minha conduta e a de quem opta por tomar um valium é o fato de que a proibição não permite que eu compre meu remédio na farmácia.
A minha justa medida é um baseado por semana. Com esta dose, consigo manter paz de espírito frente às exigências cotidianas. Com um beck por semana consigo não ficar imobilizado diante das dificuldades da vida ou empedernido por elas.
Não tenho nenhuma intenção de dizer que você deve fazer do meu jeito ou de outro. Não tem certo e errado nessa história, existe o que dá certo para você e o que não dá.

Como disse antes, cada um tem sua história com a cannabis. Eu só passo falar da minha. Se quiser compartilhar sua experiência, sem moralismo, poste um comentário abaixo.

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